quinta-feira, 26 de março de 2009

Saudade


Noite de luar, quanta saudade
Eu lembro, feliz, a noite encantada
Que você me abraçava com ternura
Que eu dei amor e me senti amada

Com o coração a bater descompassado
No peito ardente, cheio de amor
Quando me beijava, apaixonado
Num êxtase que eleva, num crescente ardor

Tua boca linda a murmurar baixinho
Palavras ternas de suave encanto
Que sutilmente soavam em minh'alma
Como canções leves, de doce acalanto

Nesta noite de luz e de fulgores
Que do amor, senti todo o prazer
Ao bem dizer, de toda essa verdade
Foi aí, então, que comecei a viver.

Se...


Se as estrelas fossem azuis
E o céu esverdeado
Se as flores fossem verdes
E as borboletas cor-de-rosa
Se o mar fosse vermelho
E os peixes voassem
Se os rios corressem ao contrário
E as samambaias fossem lilases
Se o sol fosse prateado
E a lua amarela ou azulada
Se tudo isso fosse verdade
E se tudo isso acontecesse
Eu creria, também, no teu amor.

Desabafo


Quero abrir o peito inteiramente
E arrancar de lá o amor vivido
Todos os sonhos e doces lembranças
E a dor crescente de um viver sofrido

E desandar do peito essa saudade
E o fantasma de um sonho perdido
E todo amor que, outrora sufocado
Vem de encontro a um coração ferido

E as vezes feéricas de ilusões que voltam
Num rodopiar de valsas inusitadas
Como um raiar de aurora multicor
Num salão antigo, de coisas passadas

Num revolver de sonhos esquecidos
Que de repente vêm aos borbotões
E se entrechocam com paixões contidas
E nos assolam, assim, os corações

Essa poesia é um desabafo amargo
De alguém que amou profunda e loucamente
Mas veio, um dia, o vendaval da vida
E a destroçou feroz e cruelmente.

Viver


Viver é sonhar, amar e sorrir
É fazer o sonho virar realidade
É transpor qualquer obstáculo
É ir em frente e buscar a felicidade

Viver é um ato de heroísmo
Não devemos viver na fantasia
Essa vida não é uma quimera
Temos que nos adaptar ao dia-a-dia

Viver não é só sonho e sorriso
A vida não é só uma canção
Muitas vezes temos que sofrer
Por uma dor que avassala o coração

Muitas vezes temos que sorrir
Quando o coração está sangrando
Mostrar paz e segurança
Quando os outros nos veem chorando

Se seguirmos as leis do Criador
Será mais fácil a nossa jornada
Triste é chegar ao fim e perceber
Que nessa vida não fizemos nada

Por isso temos de fazer o bem
E vivermos  a busca da verdade
Amar ao próximo e amar a Deus
Vivermos simples e com humildade.

Dor da saudade


Saudade é suave tormento
Que machuca docemente
É como fél, é ambrosia
Amarga a vida da gente

É um amor amaro-adocicado
É licor que envenena
Que nos traz tanto desgosto
Traz doçura e traz pena

Saudade é dor pungente
Que atormenta, que alucina
É dor que corrói a alma
Mas o coração domina

É bom não sentir saudade
Por outro lado, é bom ter
Pelo menos a gente sabe
O que é um bem querer.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Lembranças 2


Chega a noite no seu manto negro
Trazendo as recordações e a nostalgia
De tempos idos que não voltam mais
De coisa belas, porém fugidias

Lembranças frágeis de tudo que amei
Do que chorei, de um sonho inacabado
De chama viva, de paixão ardente
De um grande amor, sincero e dedicado

Mas tudo passou ao decorrer da vida
Ficando apenas a recordação
De algo belo que ficou para trás
Restou somente a amarga solidão

E a noite bela, em que tudo exprime
Todo o amor que eu senti outrora
É um doce alento na minha velhice
Que vou vivendo pela vida afora

Voltei


Quando passo nessa estrada
Eu sinto a tua presença
Sinto uma tristeza imensa
Ao entrar nesta pousada

Foi aqui que te encontrei
Longe do mundo e da vida
E tu me deste guarida
Quando por aqui passei

Ficaste sempre ao meu lado
Junto de minha amargura
Me deste amor e ternura
Como o melhor namorado

Como fui tola em não dar
O amor que pedias
Mas vejam só que ironia
Eu não consegui te amar

Mas eis que voltei agora
Vim aqui à tua procura
Porém, que triste desventura
Tu não estás, foi embora

Minh'alma é triste


Minh'alma é triste como um condenado
a esperar a hora da sentença
vai relembrando seu pobre destino
e, triste, chora sua dor imensa.

Minh'alma é triste como um tango lento
que os pares dançam bem entrelaçados
e choram, enfim, no seu compasso triste
a nostalgia, o amor e o pecado.

Minh'alma é triste como o entardecer
a badalar na igreja a Ave-Maria
e os fiéis sentem toda essa tristeza
todo o planger da eterna melodia.

Minh'alma é triste como o vento sul
que passa uivando sobre o campanário
e desce lento em nossa alma o medo
aquele horror tétrico e lendário.

Minh'alma é triste como a saudade
que nos machuca e amarga o coração
nos dilacera as fibras mas não mata
o doce enlevo da recordação.





quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Desencanto


Vem anjo azul curar o meu desencanto
aura sutil de brisas suaves, arpejantes
sonho incolor em nuvens cor de prata
que mãos piedosas enxugou meu pranto?
Doce langor de pétalas orvalhadas
sombra da noite dispersou meu sonho
cor de marfim, albor das madrugadas
cheiro agreste de prados luxuriantes.
Clara visão de todas as claridades
fúria do mar em vagas fulgurantes
quebra em meu peito ondas de melancolia
a volúpia dorme seu sono vago, sem emoção
para acordar, de repente, no acalanto do dia.
Em solo estéril eu busquei a própria vida
árvores secas, folhas de outono avermelhadas
a chuva cai sobre as rosas despetaladas.
Como em minh'alma rasga o punhal, sangra a ferida
corre em meu ser ondas elétricas, voluptuosas
acendem chamas que pareciam mortificadas
ateia o fogo no frio da carne impiedosa.
A tua ausência eu sinto tanto, e choro tanto
louca que sou, por ter lastimado meu desencanto.




Quem és?


Tu és o anjo bom que segue a rota de ondas mansas
perfume sutil da essência de todas as flores
verde-escuro do bosque entrelaçado de parasitas
beijo fugaz de amor, de beija-flores enamorados
cheiro de maresia nas dunas leves de praias brancas.

Braços da noite negra roubando as cores da alvorada
chuva de astros azuis se derramando pelo espaço
coro de peregrinos entoando hinos pelas estradas
falenas seguindo a luz, queimando as asas nos lampiões
brilho fulvo de estrelas se extinguindo na amplidão.

Jovem, sempre buscando um sonho puro
és a balada triste do seresteiro dentro da noite
sonho azul de menina na longa espera de um grande amor
soluços em meio à treva de uma criança que está perdida
poeta que está à procura de uma rima que se extraviou
preces de almas puras subindo a Deus.





Soneto do Amor


Quisera teu amor, como um dia tive
em leitos róseos de flores macias
apaixonante ao romper do dia
atear o fogo, que aqui dentro vive.

Poder te amar como a alvorada
sentir o gosto, o travo do pecado
dormir no seio do teu sonho impuro
e ouvir do amor, o lancinante brado.

Matar em ti a ansiedade louca
beber no teu sorriso o vão momento
falar em teu ouvido frases roucas.

Deixar correr, assim, o pensamento
provar o beijo de mel em tua boca
e do prazer, o seu contentamento.


Sonho Sublime


Roubei o canto das aves
da tarde, a melancolia
do infeliz, os fracassos
e a tristeza do dia.

Roubei o farfalhar das matas
e da fonte, o murmurar
o sopro da brisa marinha
o som das ondas do mar.

Roubei o nácar da lua
o ribombar dos trovões
o gemido dos amantes
e o pulsar dos corações.

Roubei o planger dos sinos
e da sereia, o canto
o som da chuva caindo
as modinhas de acalanto.

Roubei da rola o queixume
o murmúrio da oração
os ais dos apaixonados
os acordes de um violão.

Roubei o uivo dos ventos
da criança, o balbucio
e o estrondo das águas
das cataratas de um rio.

Roubei o raio de sol
o ciciar dos besouros
o cantar do sabiá
o destoar dos calouros.

Eu roubei o mel das flores
e o riso da criança
o sussurrar dos amores
a folha que embalança.

Tudo aquilo que eu roubei
eu não fiz por covardia
dessa mistura de sons 
compuz uma sinfonia.

Adeus


Na hora da despedida
nós ficamos sem ação
a saudade antecipando
a dor da separação
pondo um marco em minha vida.

Fiquei um tempo abraçada
chorando nos braços teus
e com dor no coração
murmuramos com paixão
uma só palavra: adeus!

Na gare da estação
com meu lenço acenando
derramei amargo pranto
vendo você se afastando
deixando em mim o desencanto.

Eu fiquei ali, parada
por muito tempo chorando
o que vou fazer agora?
Meu viver não tem sentido
já que você foi embora.

Vida


Vida!  a vida está em tudo
está nas aves canoras
dentro de um simples pardal
e na criança que chora.

A vida está nas árvores 
a vida não tem idade
está na decrepitude
no frescor da mocidade.

A vida enche a terra
e nos leva para frente
está no sertão, nas vilas
nas ruas cheias de gente.

Está nas feras bravias
na leva dos imigrantes
está na rima dos poetas
no coração dos amantes.

A vida está nos céus
e nos raios de luar
está nos portos, nas praças
nas profundezas do mar.

A vida está nos campos
nos pequenos animais
nas borboletas azuis
no auge dos ideais.

A vida está nas cidades 
pelas ruas e calçadas
no rico e no mendigo
na criança abandonada.

Ela está dentro dos lares
e no brilho dos salões
na rija têmpera dos homens
no pulsar dos corações.

A vida está nas fábricas
nas pequenas oficinas
na gare das estações
nos escritórios, nas minas.

Está nas águas correntes
está no pólen das flores
na alvorada cor de rosa
no encanto dos amores.

Está na rosa purpurina
no coração dos ateus
tudo na terra tem vida
o mais belo dom de Deus.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sonhador


Pedi à mãe natureza
Um pouco de cada essência
Um pouco de cada cor
Para pôr em uma tela
O perfil de um sonhador

Tirei da noite o negrume
Para pintar teu olhar
E a poesia que transcende
Da aurora branca, a raiar
A alvura do teu rosto
Eu tirei dos lírios puros

O vermelho dos teus lábios
Roubei do fruto maduro
O doce do teu sorriso
Tirei do néctar das flores
Do canto do rouxinol
E do enlevo dos amores

Teus cabelos cacheados
Tirei dos fios de luar
Do escurecer da tarde
Da brisa mansa do mar
Eu pintei teu rosto lindo
Teu corpo esguio, sonhador
A tua pele macia

Teus olhos cheios de amor
Transportei para uma tela
Tua beleza, sonhador
Pois, uma metade tua é canção
E a outra metade, amor
Por isso você transmite
A todos muita alegria
Porque você por inteiro
É sonho, amor e poesia

Soneto da Urgência


Eu preciso escrever
O que me vem à cabeça
Seguir o meu pensamento
Antes que se esvaneça

Seguir a imaginação
A inspiração do momento
Correr atrás da essência
Que foge ao sopro do vento

Tenho urgência de expor
Minhas frases, minha rima
O meu canto estropiado

Minhas idéias, meu amor
Antes de ouvir o chamado
Do meu Senhor lá de cima

Soneto da Inspiração


Eu busquei a inspiração
Na claridade do dia
Na nostalgia da tarde
Na noite negra e sombria

Busquei em campos floridos
Em toda sua plenitude
No canto alegre das aves
No anseio da juventude

Busquei no fulgor dos astros
Na tristeza que me invade
No começo, meio e fim

No tormento da saudade
Até que um dia encontrei
Estava dentro de mim

Soneto da Lua


A lua no infinito
Qual donzela enamorada
Espera por seu amor
Até alta madrugada

Mas seu amado, o sol
Saudoso, corre e estua
Mas nunca pode abraçar
A sua querida lua

Sem podê-la encontrar
Muito triste, ele chora
Derrama um pranto dourado

Lamentando o seu destino
Pois toda vez que ele chega
Sua amada vai embora

Soneto de Inverno


O inverno chegou tão de repente
Com o vento sibilando nos ouvidos
E as pobres árvores secas
Estendendo seus braços ressequidos

Senti uma dor imensa
Naquela manhã sombria
A minha alma chorava
No meu corpo em agonia

Senti que também chegava
O inverno em minha vida
Fazendo-me envelhecer

Roubando o meu encanto
E como as árvores secas
Espero o tempo correr

Soneto do Pescador


Pescador de altos mares
No seu veleiro a cantar
Leva-me, também, contigo
No acalanto do mar

Quero viver esse momento
Sentir de ti o mormaço
Te aconchegar em meu peito
E acalmar o teu cansaço

Entregar-me ao teu amor
Em uma doce loucura
Tocar tua pele macia

Sentir teu corpo em meu corpo
Os teus braços, pescador
Com cheiro de maresia

Soneto do Mar


Quero navegar em mar aberto
cabelos esvoaçantes, ao léu
Debaixo do azul do céu
E você ali por perto

Poder navegar meus sonhos
No barco rosa do amor
Ouvindo o som das ondas
E a rima do trovador

Pescar as conchas e pérolas
Ouvir o canto da sereia
O vento varrer a espuma

Descer em praias macias
Pisar, de leve, na areia
Ver teus olhos cor de bruma

Soneto do Vento


Vento que passa nas árvores
embalando os galhos
Vento que joga no chão
as claras gotas de orvalho

Vento que passa uivando
pelas rochas escarpadas
Que traz o cheiro do mar
de ondas verdes quebradas

Vento que traz a saudade
Traz para mim alegria
Brisa fagueira do amor

Dissipa essa nostalgia
Converte em felicidade
A vida de um sonhador

Vingança da Natureza


Era uma tarde de domingo, de repente, o céu azul ficou turvo de nuvens pesadas e cinzentas,
e a chuva começou a cair aos borbotões sobre o telhado das casas.

O vento uivava como um cão danado naquela tarde cor de chumbo,
as árvores retorciam-se como serpentes feridas de morte.

As raízes estremeciam-se querendo arrancar as entranhas da terra,
o estrondo rouco dos trovões era igual ao ronco de gigantescas feras enlouquecidas.

Os pássaros com as penas aderentes aos seus corpinhos frágeis,
impossibilitando-os de voarem para os seus ninhos.

As pessoas que passavam pela rua, de vestes coladas ao corpo, 
correndo, desordenadas, à procura de um abrigo.

Parecia que Deus, em sua ira, havia aberto todas as comportas do céu,
jogando aquela massa liquefeita sobre a face da terra.

E choveu dia após dia, até virar enchente, 
castigo pelos crimes cometidos contra a natureza.

Pois o homem, na sua inconsciência criminosa, polui os rios e queima as matas,
desequilibrando a harmonia da natureza.

Ela que é sábia e obedece as leis do Criador, se vinga,
revoltando-se contra seu agressor que, por acaso, é o homem.
A criatura mais racional que Deus colocou sobre a terra.






Busca das Essências


Saí percorrendo estradas, em busca da poesia mais pura
do ritmo harmonioso de uma linda canção
do som marulhante das ondas frementes do mar
subi as montanhas captar o ar rarefeito dos cumes
desci ao regato ouvir o rolar macio das cascatas mansas.

Entrei nas matas virgens para ouvir o gorgeio das aves canoras
desci ao âmago das flores para colher a fragrância de todos os perfumes
cheguei no lago sereno para ouvir a voz do silêncio das águas calmas
subi para o infinito deleitar-me com o coro de anjos celestes
entrei numa nuvem branca, correndo atrás de astros dourados.

Andei no azul dos céus para colher um buquê de estrelas
entrei no fundo da terra, roubar a raridade de gemas escondidas
parti nas asas do vento, buscar os matizes da alvorada
saí pela pradaria colhendo a alvura dos lírios puros
entrei em verdes pomares tirar o pomo dos frutos maduros.

Levantei as mãos para o alto, recolhi gotas de safira do orvalho da noite
cruzei o horizonte para alcançar os fulvos raios de sol
percorri todos os caminhos, buscando a forma de belezas inusitadas
para compor um hino sublime como o canto dos querubins
e pintar um quadro maravilhoso como os matizes de todas as cores

Para fazer um manto com o véu da noite enluarada
bordado com pedras raras e com fios de ouro das estrelas cadentes
juntei nesse amálgama da essência de todas as coisas
para, em holocausto, queimar oferendas puras para o meu Deus.



Soneto dos Passarinhos


Os passarinhos na minha janela
vieram me trazer a inspiração
gritar o eco da recordação
de uma cantiga pura e singela

Cresce no peito a dor da saudade
de amores passados, tempos idos
um mar de sonhos proibidos
na minh'alma entra e invade

Vem passarinho, colorir meu canto
secar dos olhos lágrimas ardentes
de um triste amor, estancar o pranto

Soprar do fogo essa última chama
talvez da vida, anseio de quem ama
do meu sofrer, por ter te amado tanto.



Soneto da Morte


Quem sabe um dia a morte intransigente
sem pena, corta os fios da minha vida
me levará para longe, de vencida
assim tão breve, a alma impenitente

Rompe os fios que me ligam à essa terra
e abrindo uma passagem, me levando
sem ver a hora, nem como e nem quando
a algum lugar que apavora, que me aterra

Do núcleo familiar fazer-me ausente
sem sonhos, sem glórias e sem brilhos
deixar atrás a falta permanente

No coração saudoso de meus filhos
e voar para uma estrela luzente
de repente, não mais que de repente.

Busca


Quem roubou a minha poesia
levou também meu sonho azul
eu saí, louca, procurando
e procurei de norte a sul.

Fui ao recôncavo dos mares
e no abismo medonho
enfrentei fúrias terríveis
para encontrar o meu sonho.

Saí procurar nas matas
até no cume dos montes
dentro dos rios caudalosos
e na linha do horizonte.

Cortei vales e colinas
atrás de um sonho bonito
Procurei nas nuvens claras
e no éter do infinito.

Busquei no fulgor dos astros
e nas cavernas da lua
nas ondas enfurecidas
e no barco que flutua.

Não busquei nos arredores
vejam só que ironia
pois aqui, bem pertinho
que achei sonho e poesia.

Eu jamais encontraria
minha busca era em vão
pois eles sempre estiveram
dentro do meu coração.


Desvario


Lembro o dia que passaste
junto à minha janela
que enlevo que eu senti
que dor no peito aquela.

Tive como uma vertigem
ao mirar teu corpo esguio
mesmo em pleno verão
fiquei tremendo de frio.

Você foi um desatino
o meu sonho mais querido
tormento da minh'alma
o meu fruto proibido.

Foi uma grande loucura
tremenda luta interior
quase morri de desgosto
para esquecer esse amor.

Eu sofria em silêncio
quando você não passava
eu nunca pedia nada
só te ver já me bastava.

Sofri as penas do inferno
para poder te esquecer
mas esse amor insensato
amargurou meu viver.








Soneto da Saudade


Ao ouvir o som daquela velha canção
me transportei a um passado distante
senti uma tristeza me invadir
e doer dentro de mim naquele instante

Recordei-me da grandeza do nosso amor
de doces lembranças, de lindos momentos
da ânsia louca dos teus abraços ardentes
e da suavidade do teu beijo lento

Daquela doce cumplicidade
de um sonho belo de ventura
que faz voltar o pensamento

Para noites passadas de felicidade
aquela recordação que se afigura
do amor vivido, a intensidade.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Soneto de Outono


A brisa fresca vai passando
jogando folhas amarelas pelo chão
os pássaros vão para os seus ninhos
início de outono, fim de verão.

As flores escasseiam nos jardins
fica pesado o ar que era puro
e os pomares carregados
cheios de fruto maduro.

Outono, início do frio
começo de uma estação
traz na alma o arrepio

a dor da desilusão
desespero da saudade
tormento de um coração.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Alma em tormenta


Existe dentro de mim um mundo
de poemas inusitados
que decantam o amor e a paixão
momentos felizes, outrora passados.

Esse poeta que dorme
no meu subconsciente
e acorda de vez em quando
para um grito veemente.

Brado de amor, de desejos proibidos
de saudades de coisas
lembradas e vividas.

Uma chama que devora
amarga e cresce
aos poucos se anula
e desaparece.

Essa mulher viva e sensual
que mora dentro de mim
sofre os desenganos
pela velhice precoce
e o passar dos anos.

Como fera enjaulada
dentro da minha carcaça
ela chora a dor
da sensualidade reprimida
e do tempo que passa.

Tempos idos


Na longa estrada da vida
as flores emurchecidas
que perderam o encanto
e caíram de seu galho
encharcadas de orvalho
como os meus olhos de pranto.

Qual uma estrela luzente
igual meu olhar descrente
que perdeu todo o fulgor
e corta o céu num momento
veloz como o pensamento
alquebrada de amor.

Um sorriso se afigura
como um ritus de amargura
na face, a aura perdida
a alma pende, vazia
como uma noite sombria
pelos caminhos da vida.

Esvanesceu a beleza
dando lugar à tristeza
de uma alvorada sem cor
andando pelos caminhos
cheios de pedras e espinhos
de solidão e amargor.

Eu quero correr na estrada
ver pôr-de-sol, alvorada
e noites lindas de luar
quero ouvir o som das matas
o murmurar das cascatas
e a passarada a cantar.

Sentar perto do regato
sentir o cheiro de mato
e respirar o ar puro
colher as flores do campo
perseguir os pirilampos
comer um fruto maduro.

Quero ver os animais
dar um giro nos currais
para tomar leite quente
mas são apenas lembranças
desses tempos de criança
que voltam, assim, de repente.


Lenitivo


Às vezes paro e analiso
e pouco a pouco eu diviso
muito, até mais que o pensamento
e choro de nostalgia
essa dor que me angustia
e causa tanto sofrimento.

Sinto um grande sufoco
e um desejo tão louco
tomando conta de mim
e fico assim, parada
os olhos fitos no nada
um desalento sem fim.

E fico de mal com a vida
como uma ave ferida
que vive fora do ninho
essa dor da solidão
que trava o meu coração
que vive só, sem carinho.

E as lágrimas descendo
pouco a pouco vão correndo
molhando todo o meu rosto
cada lágrima que cai
é mais um sonho que se esvai
e me mata de desgosto.

E a vida analisando
fico a pensar, até quando
o meu coração aguenta
essa fibra enfraquecida
do cordão da minha vida
até que um dia arrebenta.

Só tenho por companhia
a beleza da poesia
e o reviver da lembrança
Por isso,  em noites de lua
como um barco que flutua
minha rima é a esperança.

Esperança que um dia
alguém de mim lembraria
e me ajudasse na meta
de levar meu pensamento
aos corações em tormento
a alma de um poeta.

Para aliviar as dores
e proteger os amores
e estancar todo o pranto
de alguém que algum dia
perdeu a sua alegria
só por ter amado tanto.