Roubei o canto das aves
da tarde, a melancolia
do infeliz, os fracassos
e a tristeza do dia.
Roubei o farfalhar das matas
e da fonte, o murmurar
o sopro da brisa marinha
o som das ondas do mar.
Roubei o nácar da lua
o ribombar dos trovões
o gemido dos amantes
e o pulsar dos corações.
Roubei o planger dos sinos
e da sereia, o canto
o som da chuva caindo
as modinhas de acalanto.
Roubei da rola o queixume
o murmúrio da oração
os ais dos apaixonados
os acordes de um violão.
Roubei o uivo dos ventos
da criança, o balbucio
e o estrondo das águas
das cataratas de um rio.
Roubei o raio de sol
o ciciar dos besouros
o cantar do sabiá
o destoar dos calouros.
Eu roubei o mel das flores
e o riso da criança
o sussurrar dos amores
a folha que embalança.
Tudo aquilo que eu roubei
eu não fiz por covardia
dessa mistura de sons
compuz uma sinfonia.
Um comentário:
A ùltima quadra foi magistral! Encerrou o poema devidamente e de forma explicativa. Um abraço!
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