Era uma tarde de domingo, de repente, o céu azul ficou turvo de nuvens pesadas e cinzentas,
e a chuva começou a cair aos borbotões sobre o telhado das casas.
O vento uivava como um cão danado naquela tarde cor de chumbo,
as árvores retorciam-se como serpentes feridas de morte.
As raízes estremeciam-se querendo arrancar as entranhas da terra,
o estrondo rouco dos trovões era igual ao ronco de gigantescas feras enlouquecidas.
Os pássaros com as penas aderentes aos seus corpinhos frágeis,
impossibilitando-os de voarem para os seus ninhos.
As pessoas que passavam pela rua, de vestes coladas ao corpo,
correndo, desordenadas, à procura de um abrigo.
Parecia que Deus, em sua ira, havia aberto todas as comportas do céu,
jogando aquela massa liquefeita sobre a face da terra.
E choveu dia após dia, até virar enchente,
castigo pelos crimes cometidos contra a natureza.
Pois o homem, na sua inconsciência criminosa, polui os rios e queima as matas,
desequilibrando a harmonia da natureza.
Ela que é sábia e obedece as leis do Criador, se vinga,
revoltando-se contra seu agressor que, por acaso, é o homem.
A criatura mais racional que Deus colocou sobre a terra.